Tudo tem uma história

Tudo tem uma história

1975
janeiro 1

Quando tomei conhecimento da dislexia

Ensinava Geografia, em 1975, quando tomei conhecimento da dislexia por meio de uma colega de trabalho, a pedagoga Maria Cecília Ayres Moreira, então aluna do II Curso de Extensão Universitária em Pedagogia Terapêutica promovido pela PUC-SP. Foi como uma luz que se acendeu e iluminou o que poderia estar acontecendo com certos alunos meus que, apesar de mostrarem interesse, participarem ativamente das aulas e demonstrarem conhecer os assuntos tratados, iam muito mal nas provas escritas, apresentando erros de ortografia incomuns e inesperados para o nível escolar, além de respostas incompletas ou sem sentido.

Como um exemplo daquela época, cito um aluno da 6º série, que fez um trabalho de pesquisa sobre vulcanismo, preparou um cartaz sobre o tema (contendo fotos e palavras), confeccionou uma maquete de argila representando as partes de um vulcão e fez uma excelente apresentação para os colegas, contudo, na hora da prova, a resposta que deu à pergunta “como se chama o material expelido pelo vulcão?”, foi: “cana de açúcar”.

Desde então, quanto mais ampliava o meu conhecimento sobre dislexia, mais me convencia de que era necessário divulgá-la junto aos educadores, e buscar alternativas para que os alunos pudessem aprender e demonstrar o que tinham aprendido de acordo com as suas possibilidades.

1977
janeiro 1

Trabalho de sensibilização

Em 1977, como orientador educacional, iniciei um trabalho de sensibilização com a equipe docente da escola onde trabalhava. Em 1978, apresentei à direção da escola uma proposta para avaliação dos alunos sugerindo a adoção de instrumentos diversificados, sugerindo, inclusive, que as provas pudessem ser realizadas não só individualmente, mas também em duplas ou em grupo, com ou sem consulta, o que veio a acontecer posteriormente.

1983
janeiro 1

Associação Brasileira de Dislexia

Participei da fundação da ABD – Associação Brasileira de Dislexia – e me associei a ela em 1983; posteriormente, fui Conselheiro e Diretor de Relações Escolares dessa mesma Associação.

1995
janeiro 1

Projeto de inclusão de alunos disléxicos

A partir de 1995, graças à sensibilidade à coragem da direção do Externato Nossa Senhora Menina, localizado no bairro da Mooca, em São Paulo (SP), fui responsável pela implantação de um projeto de inclusão de alunos disléxicos. Dado o pioneirismo e o ineditismo dessa iniciativa, adotada antes mesmo da atual LDB, a experiência do Externato tornou-se referência para todo o Brasil, tendo sido objeto de inúmeras matérias de divulgação feitas por meio do rádio, da TV, de jornais e revistas.

1998
janeiro 1

III Simpósio Internacional – ABD

Em 1998 fui convidado pela ABD – Associação Brasileira de Dislexia para falar sobre a inclusão escolar do disléxico no III Simpósio Internacional – ABD –Cérebro-Dislexia-Cognição, o que se repetiu em 30 outras ocasiões, de 2000 a 2013, em cursos, workshop, simpósios (nacionais e internacionais) e congressos (nacionais e internacionais) promovidos por essa Associação.

 

2002
janeiro 1

De 2002 a 2020

De 2002 a 2020 venho tratando do mesmo assunto em eventos promovidos por órgãos públicos de educação, em nível estadual e municipal, universidades, sindicato de professores e grupos de profissionais que atuam na área da dislexia; em projetos de assessoria e capacitação de educadores em escolas; em orientação a estudantes de graduação e pós-graduação na elaboração de TCC e monografia sobre a inclusão escolar de aluno disléxico.

Desde 1997, tenho realizado atendimento psicopedagógico, psicomotor e orientação vocacional a disléxicos.

Nesses 45 anos aprendi muito com os disléxicos e seus familiares. Conheci muitas histórias de sofrimento, de luta, de perseverança e de superação. Convivi com muitos educadores que abraçaram a causa da inclusão do disléxico e disponibilizaram o que tinham de melhor – do conhecimento ao afeto – para que isso acontecesse. Conheci profissionais dedicados, que contribuem, sobremaneira, para que o disléxico se conheça mais e melhor e desenvolva amplamente as suas potencialidades.

Atualmente, há profissionais, grupos e associações que disseminam informações sobre dislexia, trocam conteúdos e experiências, promovem eventos e oferecem formação e serviços por meio de diversas mídias.

Hoje, sem dúvida, vivemos uma outra realidade; os tempos são outros, porém, não menos difíceis para os disléxicos.

Envie sua mensagem

    Nome:

    E-mail:

    Mensagem:

    Fale com o Prof. Mario Braggio