Depoimentos
“Em um ambiente escolar e familiar em que, desde cedo, as crianças são educadas para conviverem com o diferente, as características individuais de aprendizagem não são encaradas como grandes problemas, mas apenas como dificuldades. A criança tem facilidade de socializar-se, tendo uma convivência sadia com seus colegas.
No entanto, nem sempre o aluno com dificuldade de leitura e escrita encontra esse ambiente para se desenvolver, não consegue progredir nos estudos, muda de escola e, geralmente, passa a apresentar sentimento de menos valia, preferindo sentar-se em local em que não fique em evidência, declinando de atividades em que tenha de ler em voz alta e evitando que alguém veja o que escreveu.
Ao ser diagnosticado com dislexia, é importante que o aluno receba informações claras de que ele não é incapaz nem que isso é uma doença. Ao contrário, na maioria das vezes, ele tem capacidade intelectual acima da média para sua idade.
A escola deve promover momentos em que os colegas de classe e respectivas famílias sejam, devidamente, esclarecidos sobre o que é a dislexia, qual será o procedimento de avaliação e acompanhamento dispensados aos alunos diagnosticados para que não haja questionamentos nem constrangimentos entre a turma.
Quando esses procedimentos são realizados com absoluta transparência, o aluno disléxico passa a sentir-se mais seguro no ambiente escolar, a interessar-se pelas tarefas, obtém melhores resultados nos estudos, aumenta sua autoestima, reconhece-se capaz de seguir em frente e ter sucesso como todos os demais de sua turma.”
“Trabalhar a inclusão de alunos portadores de dislexia dentro de classes regulares foi, para mim, um grande desafio. A construção de uma escola democrática e solidária, que inclua a todos e a cada um, e não exclua um estudante por suas condições, passa por um processo de sensibilização de toda a comunidade educativa. Como atender todos os alunos, ao mesmo tempo em que eu deveria atender cada um respeitando suas características individuais? E mais, como dar a devida atenção ao aluno em processo de inclusão? Foi no cotidiano da sala de aula que aprendi a conduzir essas e outras dificuldades que surgiam em relação aos alunos disléxicos, planejando atividades que proporcionassem o desenvolvimento desses alunos. É imprescindível ao professor conhecer seu aluno para ajudá-lo, resgatar sua autoconfiança e descobrir suas habilidades para promover sua autonomia.
Ao longo de todos esses anos adotei, também, alguns cuidados em relação às avaliações que colaboraram para um bom desempenho dos alunos portadores de dislexia como: avaliações orais, trabalhos variados, questões elaboradas de modo claro e objetivo, possibilidade de consulta, assistência durante a avaliação, bem como prazos maiores para sua resolução.
Acredito, também, que no processo de inclusão outro fator fundamental é a forma como a escola articula a relação família, comunidade, professor e aluno. O tratamento deve ser afetivo e respeitoso para que o aluno disléxico sinta-se acolhido e parte integrante do processo ensino-aprendizagem.
Por isso, é importante que sejamos capazes sempre, como educadores, de acolher as diferenças, adotando novas formas de pensar e agir, dirigidas à diversidade”
“Jogue tudo fora, mas principalmente esvazie seu coração, fique pronto para a vida, para um novo amor. Lembre-se somos apaixonáveis, somos capazes de amar muitas e muitas vezes. Afinal de contas, nós somos o amor” (Carlos Drummond de Andrade)
“Cada educando, uma joia. E a cada joia, um tratamento diferente.
Com o estudo da psicopedagogia, da neurologia, dentre outras áreas, pude perceber que, gradativamente, eu conseguia oferecer àqueles que mais demandavam minha atenção um carinho especial. Sim, carinho! A cada vitória destes educandos, sua joia se tornava mais reluzente. Conhecer sobre a dislexia, e consequentemente as formas de permitir com que este e/ou esta jovem se sintam aceitos perante si mesmos e o grupo, é fundamental para a aplicação de nossa individual missão educativa. Anos atrás vivenciei uma situação desafiadora: em uma sala de 41 alunos, sete eram disléxicos. O que foi assustador em um primeiro momento se revelou uma das mais belas páginas de minha vida pro fissional: a compreensão de todos os colegas sobre a condição de cada um permitia que todos brilhassem. Percebi que o conhecimento por parte do educador neste processo, e a multiplica&cced il;ão deste para os educandos, é essencial para que o jovem em sala de aula reforce seus valores e seu autoconhecimento, para que seu desenvolvimento escolar seja pleno. Uma sala de aula precisa de todos vivendo em equilíbrio: a compreensão das particularidades é essencial para que o processo de inclusão escolar seja, verdadeiramente, inclusivo – cada joia possui seu brilho próprio, e como educadores devemos ter a percepção exata do polimento de que cada uma necessita.